30 de junho de 2006

Declaração final. Sem radiografias, cansaço desmentido

Informa-se VEXA que o porta-voz do ministro foi encarregado de «ler um texto», o que não fica mal depois do porta-voz ter encarregado o ministro de ler tantos outros textos. Pois segue o texto com uma fidelidade que só as radiografias dos últimos meses poderiam suplantar.
Arquive-se.

DECLARAÇÃO

Encarregou-me o Prof. Diogo Freitas do Amaral de ler um texto onde se explicam as razões da sua demissão do cargo de Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.

Este pedido de demissão não foi motivado por divergências políticas de qualquer espécie - que não existiram nem existem -, mas unicamente por força do agravamento nos últimos meses do estado de saúde do Ministro, que sofre de três lesões na sua coluna vertebral. A mais séria e dolorosa é na coluna cervical, e vai ter de ser operada na próxima segunda-feira, dia 3 de Julho.

A intervenção cirúrgica implicará repouso absoluto durante algumas semanas e proibição de viajar de avião nos próximos meses.

Das outras duas lesões – uma na região dorsal, outra na região lombar – a primeira (ainda consequência da queda dada em Bruxelas em Julho de 2005) terá provavelmente de dar lugar a uma nova intervenção cirúrgica, a que também se seguirá um período de repouso absoluto de algumas semanas.

O Prof. Diogo Freitas do Amaral concluiu assim, em consulta permanente com os médicos especialistas e com o seu médico assistente que não tem condições físicas que lhe permitam continuar a exercer o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros, que exige uma grande capacidade de trabalho e numerosas deslocações.

Na carta que enviou ao Primeiro-Ministro a pedir a sua demissão, o Prof. Diogo Freitas do Amaral escreveu que lamenta ser obrigado a tomar esta decisão, mas sai com a consciência do dever cumprido.

E afirmou na mesma carta que mantém toda a sua solidariedade política com o Eng.º José Sócrates e o seu Governo, no prosseguimento da tarefa exaltante de transformar Portugal num país mais moderno, mais próspero e mais justo.

Lisboa, 30 de Junho de 2006

28 de junho de 2006

Concurso público. Moral privada

Para que SEXA se inteire de como decorrem em Portugal os concursos públicos, segue para VEXA um bom exemplo – aliás, Frei Tomás foi sempre porta-voz de quem diz e não faz. Permita-nos VEXA sublinhar que a abaixo invocada «excepção dos efeitos remuneratórios, bem como ao abono de ajudas de custo» com efeitos reportados a 12 de Março de 2005, justifica questionar se o ICEP teve sede em Paris até tal data da putativa requisição.

Arquive-se.


I Acto

Conselho de Ministros de 1 de Outubro de 1998

Depois da experiência em Belém, concurso público

  • Resolução que nomeia António José da Graça Carneiro Jacinto vogal do Conselho de Administração do ICEP - Investimentos, Comércio e Turismo de Portugal por urgente conveniência de serviço.


  • II Acto

    Despacho de Freitas do Amaral de 10 de Abril de 2006

    Exactamente, moral privada

  • Despacho n.º 9650/2006 (2.a série).— Nos termos e ao abrigo do disposto nos n.ºs 3 e 4 do artigo 2.º do Decreto-Lei n.o 262/88, de 23 de Julho:


  • 1— Nomeio António José Graça Carneiro Jacinto assessor do meu Gabinete, para desempenhar, no âmbito das suas qualificações académicas e profissionais, as funções de porta-voz dos serviços centrais do Ministério dos Negócios Estrangeiros, requisitado para o efeito ao ICEP Portugal.

    2— É atribuída ao nomeado a remuneração mensal bruta de € 4432, sendo esta a remuneração a tomar por base na determinação dos subsídios de férias e de Natal a que tiver direito, nos termos da lei.

    3— Quando se deslocar em missão oficial de serviço público no País ou no estrangeiro, o nomeado tem direito ao abono das correspondentes despesas de transporte e ajudas de custo, de montante igual ao fixado para os adjuntos de gabinete.

    4— A presente nomeação é feita por um ano, tacitamente prorrogável, sem prejuízo de ser o presente despacho revogável a todo o tempo.

    5— Com excepção dos efeitos remuneratórios, bem como ao abono de ajudas de custo, a presente nomeação tem efeitos reportados a 12 de Março de 2005.

    27 de junho de 2006

    Futebol no Vaticano! Que nada falte a SEXA!

    Dando cabal cumprimento ao pedido de SEXA sobre o futebol do Vaticano, transmite-se relatório sobre o assunto, na expectativa de que o embaixador Rocha Páris não se tenha antecipado, como sempre. Esclareça que o presente relatório muito, ou em quase tudo, ficou a dever a duas fontes brasileiras: Almanaque da Bola e Revista 10.

    Arquive-se.


    O guarda-redes João Paulo II

    O Papa João Paulo II foi guarda-redes amador na sua Polónia natal. Seria por isso que o Vaticano, país pouco maior que um campo oficial, tem campeonato? Não: a bola já rolava religiosamente por lá bem antes de Karol Wojtyla chegar, temendo-se todavia que Bento XVI possa mostrar cartão amarelo. Bento XVI, contrariamente a João Paulo II, nunca foi um grande torcedor ou desportista, nem mesmo em sua juventude, e
    a primeira vez que Bento XVI falou publicamente do Mundial na Alemanha foi em Outubro do ano passado, quando no final de uma audiência na Praça de San Pedro elogiou Franz Beckenbauer e o responsável pelo comitê Organizador do Campeonato Mundial, Rudi Voeller.

    Na sua encíclica papal de 1990, “Redemptorist Misso”, o Papa João Paulo II reafirmou a função dos missionários da Igreja Católica como sendo a de “renovar a Igreja, revitalizar a identidade cristã e oferecer incentivo e entusiasmo. A fé se fortalece quando dada aos outros”.

    Só que 17 anos antes, quando o Papa ainda era Paulo VI, Pelé estava aposentado da selecção brasileira e a Holanda de Cruyff preparava-se para encantar o mundo, o ideal que Karol Wojtyla oficializaria na encíclica, já estava sendo posto em prática por meio do desporto mais popular do mundo, o futebol.

    Futebol, Itália e Igreja Católica. Qual o resultado dessa equação? Um campeonato de futebol no Vaticano.

    Jogos no “exterior”

    O menor país do mundo, com 0,44 km², cerca de 900 habitantes e cujo principal produto de exportação são selos, lembranças para turistas e milagres de Fátima, também tem um campeonato nacional. Amador, é verdade, mas nem por isso deixa de criar expectativa.

    Bruno Luti, funcionário do jornal “L’Osservatore Romano”, o diário oficial da Igreja Católica, explica que o desporto tem valores muito ligados à juventude. Daí, a ideia de um torneio entre os trabalhadores dependentes dos diversos sectores do Vaticano. Luti também é um dos responsáveis pela implantação da ideia, 31 anos atrás, juntamente com Sergio Valci, hoje já aposentado, e Enrico Otaviani. Eles queriam um evento que congregasse eclesiáticos e laicos, ou seja: padres e pessoas comuns.

    Em 1973, o primeiro torneio teve poucas equipas e ficou vencedor o conjunto do jornal oficial, então chamado “Astor Osservatore Romano”. Já no ano seguinte, o afluxo de sectores dispostos a formar equipas era tão significativo que foi necessária uma alteração no formato, adoptando o módulo de todos contra todos, em jogos de ida e volta.

    E será que as partidas são dentro da Capela Sistina? Nada tão profano assim. O campeonato do Vaticano é o único disputado no “exterior”. Situado em Roma, encravado entre a Villa Doria Pamphilli e o Parco Adriano, o Vaticano não tem um estádio próprio. Ao longo dos anos, o palco das disputas foi o Complexo Desportivo Pio 12, próximo da Piazza San Pietro.

    A aparição de um insólito torneio como o do Vaticano não demorou para chamar a atenção da comunicação social italiana e internacional. Assim, choveram convites de federações que queriam programar partidas amistosas contra uma “selecção” do Vaticano.

    Na história, o Estado Católico enfrentou adversários como San Marino, Eslovénia e Áustria (países associados da FIFA e também da ONU). No entanto, o pequeno número de cidadãos vaticanenses impede também que o Estado da Santa Sé seja filiado da UEFA como membro participante e, consequentemente, que obtenha vaga para quaisquer torneios internacionais.

    E o Papa? Karol Wojtyla foi sabidamente um apreciador de futebol: foi guarda-redes na juventude e vestiu as cores do Cracóvia, na Polónia. Mas será que ele vestia a camisa e acompanha os jogos da série A do Vaticano?

    O número de clubes participantes varia entre seis e nove, dependendo da disponibilidade de atletas nos diversos sectores. Num dos mais recentes campeonatos pontifícios, foi vencedora a equipa dos Museus do Vaticano, sem que este campeão desse a certeza de estar presente no torneio seguinte, por eventual falta de “quorum” de atletas.

    Curiosidades

    - O campeonato no Vaticano começou em 1973 e, a partir de 1978, passou a existir a Taça do Vaticano.

    - Os únicos cidadãos do Vaticano são aqueles que pertencem à Gendarmeria (vigilância do Estado) e à Guarda Suíça.

    - A Piazza San Pietro localiza-se a 8,4 km do Estádio Olímpico, onde Roma e Lazio disputam jogos no campeonato Italiano.

    - Os sectores que mantêm equipas disputando o campeonato do Vaticano com maior continuidade são: L’Osservatore Romano, Tipografia, Guarda Suíça, Museus do Vaticano, Serviços Técnicos, Serviços Económicos, Gendarmeria, IOR (Banco do Vaticano), Biblioteca e Rádio Vaticano.

    - Até 1975, os funcionários da residência de verão do Papa, em Castelgandolfo (região de Roma), também participavam do campeonato.

    - A equipe de Rádio Vaticano tem um brasileiro em suas linhas, não constando por enquanto qualquer português.

    - Historicamente, os times L’Osservatore Romano, Gendarmeria e Guarda Suíça, estão sempre entre os mais fortes.